terça-feira, 5 de julho de 2011

O que são Neurônios Espelho?

A ciência já vem estudando o comportamento do ser humano a muito tempo, principalmente a forma com que ele efetua a sua aprendizagem através da imitação do que ele vê. Assim como o neném aprende a falar, andar e o significado dos gestos ao ver os adultos fazerem e ir assimilando, mesmo depois de crescidos, nós seres humanos ainda fazemos isso.
Segundo afirma Rizzolatti e Craighero (2004), citados no artigo Neurônios do Espelho da revista virtual da Universidade de São Paulo (USP), pelos alunos Allan Lameira, Luiz Gawryszewski e Antônio Pereira, a caracterização e garantia da sobrevivência humana no planeta é a capacidade de nos organizarmos socialmente. Eles ainda afirmam que isso só é possível porque somos seres capazes de entender a ação de outras pessoas. Também somos capazes de aprender através da imitação e essa faculdade é a base da cultura humana, que Ramachandran & Oberman (2006) e  Rizzolatti (2006) também dissertam em seus trabalhos.
Levando-se em conta que nós, seres humanos, aprendemos por imitação, ou seja, somos reflexos do que vemos, ouvimos e vemos, podemos considerar o fato de que consumir os produtos televisivos faz com que venhamos nos projetar (assim como fazemos com a fala, audição e contemplação) no que nos é apresentado, em miúdos, imitamos o que estamos assistindo.
Estudos voltados para a capacidade do ser humano obter conhecimento têm avançado a ponto de descobrir um novo neurônio, que permite o ser humano guardar determinada informação que capturou do meio e utilizá-la até mesmo sem que se possa perceber. Ainda nos utilizando do artigo “Neurônios do Espelho”
“Os neurônios espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da nossa memória. Se alguém faz um movimento corporal complexo que nunca realizamos antes, os nossos neurônios-espelho identificam no nosso sistema corporal os mecanismos proprioceptivos e musculares correspondentes e tendemos a imitar, inconscientemente, aquilo que observamos, ouvimos ou percebemos de alguma forma.”
Existem comportamentos que são imitados do qual o individuo não consegue ter noção de que o que está a fazer é uma mera reprodução, e não algo que é parte do caráter dele, como muitos insistem em afirmar. A maioria das pessoas se recusam a acreditar que estão fazendo algo porque está saindo na mídia, mas como pudemos perceber, esta reprodução se efetua de forma inconsciente.
Cada vez mais vemos o imaginário, o fantasioso se perdendo nas programações, para colocar aspectos da realidade na TV, a fim de facilitar a identificação para o público. Mas, essa realidade televisiva sempre mostra um final feliz, uma solução; uma vez que o roteirista está por trás das câmeras contribuindo para assim o ser.
Mas, e quanto às possibilidades de quem vê e acaba se projetando? Muitas vezes não é semelhante, ou pior ainda, a realidade desta pessoa não é nada parecida, mas ela precisa enxergar algo que se pareça com ela e começa a aplicar estas coisas e sua vida até mesmo sem perceber. Com isso, na maioria dos casos as pessoas se tornarão frustradas por seus objetivos não terem sido alcançados, daí ouvimos pela rua “isso é coisa de novela”.
Porque então não dizer que o mesmo se dá com as telenovelas? As pessoas veem, se projetam e imitam aquilo que está contemplando.


Nota: Para saber mais sobre os Neurônios Espelho clique aqui, e para saber como eles atuam nos telenoveleiros e as consequências disto para a sociedade veja os post's relacionados a  Teletranformação e fique por dentro do que ocontece com quem assiste telenovelas e se projeta nos seus conteúdos.

As novelas realmente manipulam?

A televisão é por si só manipuladora. Jogando informações fictícias com características da realidade em sua programação como, por exemplo, novelas, filmes, seriados ela consegue maquiar a fantasia, transformá-la em uma possível realidade e vender este produto falso, com cara de verdadeiro para a sociedade que se projetará, ainda que inconscientemente no que ela está vendo.
Esta aproximação dos programas com a realidade do público tem como intuito atingi-lo com maior eficiência, uma vez que os indivíduos procuram assistir a sua própria realidade na vida do outro.  Aristóteles chamou essa aproximação do discurso com o meio e, do meio com o público de campo de experiência comum. Desta forma, o individuo se projeta no que está passando na tela transmissora de imagens que está em sua sala.
Hoje, cada vez mais é possível perceber o quanto as programações têm capturado fatos da realidade e colocado nos seus programas ficcionais, justamente por causa deste campo de experiência comum que ela precisa criar para dialogar com o público. Assim como nos escreveu Morin  “(...)acentuam-se  traços simpáticos e traços antipáticos, a fim de aumentar a participação afetiva do espectador, tanto no seu apego pelos heróis, como na sua repulsa pelos maus.” Fazendo o espectador ficar completamente vidrado na programação a ponto de debater com o personagem, sem se lembrar, ou mesmo perceber, que a relação dele com o aparelho de TV é basicamente unilateral.
Este público passa então a se projetar no que vê e começa a almejar a “realidade” apresentada pela TV, afinal, ele está em condições semelhantes ao determinado personagem, que conseguiu ser bem sucedido na situação em que se encontrava, então, este indivíduo poderá acreditar que ele está susceptível aos acontecimentos serem semelhantes para ele, ou pelo menos é assim que ele deseja assimilar.

Nota: Estudos científicos na área da psicologia já vem estudando as formas que o ser humano utliza para aprender a se comportar e uma destar formas é imitando o que ele vê. Clicando aqui você terá maior acesso à essas informações.

1° beijo na TV brasileira

Os tempos são outros não é mesmo?
A primeira novela a ser transmitida pela televisão foi "Sua Vida Me Pertence", da PRF-3 TV Tupy-Difusora, canal 3 de São Paulo, em 1951. A emissora Tupy foi muito criticada por transmitir nesta novela uma cena de beijo entre os protagonistas Vida Alves e Walter Foster. 
 Veja um comentário sobre a 1ª cena de beijo da TV brasileira.


A sociedade brasileira dos anos 1950 via a transmissão de cenas como, o que hoje chamamos de “simples beijos”, como um escândalo, um atentado à moral social. Isso nos leva a pensar em como reagiria um conservador daquela época, caso estivesse ainda vivo, diante das cenas mais “leves” das novelas transmitidas pela rede globo?
O que a telenovela inseriu no padrão de vida do brasileiro a ponto de uma cena de beijo na boca, entre heterossexuais, ter perdido o seu valor escandaloso? Qual foi o processo para que não somente o beijo, mas a moldura na qual a família estava inserida também fosse se quebrando até chegarmos à nova estética familiar brasileira? Será que os profissionais deste meio de divulgação poderiam imaginar as proporções dos problemas que viriam com a desestruturação da família?

A chegada da TV no Brasil

Em 1950, A TV chegou tímida em solos brasileiros, apenas para fazer propagandas e comerciais em um curto período do dia. Após começaram a criar programações entre estes intervalos para entreter o público e atrair a sua atenção – audiência – afinal, quanto maior o número de pessoas assistindo a programação, maior público seria atingido pela ideia.
Em pouco tempo, a televisão já era objeto almejado por todos. Os vizinhos, em classes menos favorecidas iam às casas dos outros para assistir aos programas, (os que não necessitavam da cortesia de vizinhos assistiam a programação em sua própria casa), as famílias se reuniam nas salas, era a verdadeira confraternização da TV, que parecia ter chegado para unir as pessoas.
Ela uniu a sociedade, integrou psicologicamente e comportamentalmente. Não que atualmente ela não faça tais coisas, muito pelo contrário, agora ela busca a padronização dos indivíduos para consumirem cada vez mais; no entanto, a disseminação maior é do individualismo coletivo, o isolamento psicológico no qual você pensa como todo mundo, porém age sozinho.
Como instrumentos da TV, as telenovelas, muito apreciadas pela população brasileira, tanto no passado, como na atualidade, fortemente influenciou essa transformação do comportamento da população agindo diretamente no psicológico, fazendo com que o individuo viesse a pensar que estava fazendo isso porque era sua vontade e não porque a mídia estava passando um modelo para ele seguir. Quer saber como esta manipulação acontece? Veja o que a Ciência Explica.

Nota: Quer saber mais sobrea história da TV? Visite um site que aborda sobre o assunto clicando aqui, mas não se esqueça de retornar, afinal, os conteúdos destas páginas são bastante diferentes e ainda há muito para você descobrir por aqui.

A TV como esteticista da família brasileira

A estruturação da família brasileira, antes da inserção dos meios de comunicação de massa, apresentava determinada estétic, mas após a chegada destes veículos, principalmente da TV no Brasil, essa realidade foi totalmente transformada, através de uma verdadeira “cirurgia plástica”, que não só alterou o exterior social da família brasileira, mas a sua essência comportamental, dando a ela uma nova ideia, um novo corpo, uma nova face.
No inicio do século XX, antes da popularização os veículos de comunicação, a família brasileira se organizava dentro de um modelo. Embora sempre tenham existido as exceções, a maioria das famílias se organizava tradicionalmente. O pai era o chefe provedor e protetor, a mãe a administradora do lar que cuidava da educação dos filhos e do bem estar da família. O filho deveria ser submisso, dependente dos pais até o casamento, na maioria dos casos, ou até atingir sua independência, concluindo os estudos, sendo esta segunda característica mais frequentemente observada nas famílias aristocráticas.
Sem ser radical a ponto de dizer que “apenas a TV é a culpada de tamanha modificação na estrutura familiar”, é reconhecível que diversos fatores também influenciaram; no entanto, é fácil notar o quão influente ela foi neste processo, de forma tal que até poderia ser chamada de propulsora e manipuladora da questão.

Nota: Para assistir um vídeo sobre a mudança da família brasileira nos utimos 40 anos, clique aqui. É uma reportagem que comemora o aniversário de 40 de existência da TV globo. Coincidência não acha?